Estresse no ambiente de trabalho e a síndrome de Burnout

Entenda o que é Burnout, como prevenir esse problema crescente no ambiente de trabalho e equilibrar produtividade com a saúde dos colaboradores.

É absurdo saber que, em plena atualidade e com tanta informação profissional e de credibilidade disponível, ainda haja preconceito em relação aos transtornos psicológicos, que mesmo sendo cientificamente comprovados e tratados por profissionais de saúde, são vistos ainda como frescura, loucura ou “coisa da cabeça”, supondo equivocadamente se tratar de mera imaginação do paciente.. 

Dessa forma, além de informar tal como pretendemos com este texto, é importante estabelecer medidas de prevenção no ambiente de trabalho. Isso porque, a Burnout, é característica justamente deste ambiente, como veremos adiante.

Infelizmente, muitas empresas, além de não aplicarem medidas de prevenção ou sequer se preocuparem com o assunto, ainda tornam o ambiente laboral extremamente estressante e desgastante. Mediante este cenário lamentável, tornou-se cada vez mais comum ouvir trabalhadores afirmando que estão “desanimados, exaustos e esgotados do trabalho”. 

Estes trabalhadores vivem (ou sobrevivem) em sofrimento diário e constante, uma vez que não podem simplesmente se desligar da empresa por necessidade financeira, quando sequer têm saúde física e mental para trabalhar.

Portanto, trouxemos este texto para explicar o que é Burnout, o que causa o Burnout e como prevenir esse problema que afeta cada vez mais colaboradores e, consequentemente, as empresas, que são diretamente responsáveis por gerenciar ou modificar as condições de trabalho para que sejam sadias e adequadas.

O que é Burnout?

Burnout é um distúrbio psíquico, ou seja, uma alteração ou mau funcionamento da função mental, sendo assim uma patologia que precisa de tratamento e ajuda profissional, tal como outras enfermidades que acometem o ser humano em outras partes do corpo, assim como em qualquer órgão, função ou sistema.

O que difere o Burnout de outros distúrbios psíquicos é que ele se origina no ambiente de trabalho, tanto que também é chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional. Um dia a dia de trabalho estressante e desgastante gera um acúmulo, que causa no colaborador um estresse crônico, tanto físico quanto mental. 

É muito comum em profissões ou empresas com demasiada pressão, cobrança e grandes responsabilidades. Dessa forma, a patologia costuma causar exaustão extrema e depressão profunda, sendo que além dos problemas psicológicos a pessoa com Burnout sente também incômodos e sintomas físicos, que são reais, e não imaginados ou “psicológicos”. 

Quais os sintomas de Burnout?

Como dito anteriormente, a pessoa sente cansaço extremo e estresse e, quando isso ocorre com muita frequência, é possível que a pessoa não sinta mais vontade de levantar da cama e sair de casa. A Burnout é chamada de síndrome por se tratar de um conjunto de sintomas e sinais que indicam uma doença, sendo que os principais são:

  • Cansaço físico e mental excessivos, como já mencionado (fadiga);
  • Dor de cabeça com frequência;
  • Dores musculares;
  • Mudanças no apetite (a pessoa pode perder a vontade de comer ou, ao contrário, descontar o estresse comendo mais);
  • Dificuldade para dormir (insônia);
  • Dificuldade de concentração;
  • Sentimentos e pensamentos negativos como fracasso, insegurança, derrota, incompetência, desesperança;
  • Alterações bruscas de humor;
  • Isolamento;
  • Pressão alta;
  • Alteração dos batimentos cardíacos;
  • Transtornos gastrointestinais (como refluxo, dor no estômago etc.).

Esses sintomas normalmente iniciam de forma mais leve, e vão se intensificando com o passar dos dias. Portanto, é sempre recomendado buscar ajuda de um profissional habilitado como psicólogo e psiquiatra, que são os profissionais que dão o diagnóstico e orientam o tratamento, que é individual e depende de cada caso. 

De modo geral, o tratamento costuma ser feito com psicoterapia, que pode ser acompanhada ou não de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, quando necessário. Mas uma medida indispensável para o sucesso do tratamento, é a mudança nas condições de trabalho e nos hábitos de vida que, geralmente, requer afastamento do colaborador.

É de extrema importância que o tratamento seja feito de forma correta para não haver piora do quadro, que pode levar à necessidade de internação e outras consequências psíquicas e físicas que vão se tornando mais graves.

Como evitar a Burnout e ter produtividade sem prejudicar a saúde dos colaboradores?

O mundo dos negócios é uma cadeia, sendo que o cliente da empresa, por exemplo, solicita produtos ou serviços e o prazo desejado e, assim, a empresa repassa estas cobranças aos colaboradores responsáveis por cada etapa do processo. Se este processo não for bem planejado e estudado, as expectativas podem ficar extremamente desalinhadas da realidade, causando enorme pressão e estresse sobre os trabalhadores. Por isso, a Burnout tornou-se tão comum e cada vez mais frequente, infelizmente. 

Embora o avanço das tecnologias tenham facilitado diversas tarefas, elas ainda exigem grande esforço mental de profissionais capacitados e, paradoxalmente, deixaram o dia a dia das pessoas e profissionais muito acelerado, cheio de reuniões, metas, compromissos, e-mails, mensagens, prazos e responsabilidades, especialmente considerando a agressiva competitividade no mercado e a busca por uma produtividade crescente.

Dessa forma, podemos afirmar que ter um processo eficiente de produção ou de trabalho, ajuda a evitar estresses e passar os prazos e valores adequados para cada demanda. Agora, indo mais direto ao ponto, medidas simples no dia a dia ou com certa periodicidade ajudam, e muito, a evitar Burnout.

É necessário, além de rever os prazos, cobranças e responsabilidades de cada colaborador para saber se são possíveis e se estão devidamente equilibradas, evitar carga horária excessiva (horas extras), avaliar se o colaborador está sendo reconhecido e dar os feedbacks necessários de forma humanizada e individual, bem como mediar conflitos internos e agir para evitá-los, dar autonomia até onde for possível e promover um ambiente de trabalho justo.

Além disso, é essencial haver abertura para diálogo em que o colaborador se sinta confortável para dar feedback como críticas a processos, atitudes dos colegas que possam o estar prejudicando e até mesmo de superiores diretos ou indiretos, relatando também situações pessoais que possam estar interferindo no trabalho e na sua saúde, se assim desejar.

Uma vez avaliando todos estes pontos e propondo metas atingíveis, a empresa pode implementar conversas em grupo ou palestras, trazendo profissionais para falar sobre Burnout e outros transtornos psíquicos, a fim de quebrar preconceitos e disseminar informações valiosas que evitam o problema e ajudam na busca por tratamento de quem possui a doença.

É importante ter a consciência de que a pessoa passa boa parte da sua vida (senão a maior parte dela) no seu trabalho, e que essas horas diárias e frequentes precisam ser agradáveis ou, então, é certo que causarão desgaste físico, mental e doenças.

Pensar no ser humano em primeiro lugar, e não como número, deveria ser uma regra, uma questão de ética e humanismo. Mas vale também reforçar, que a Burnout, além de todos os prejuízos físicos e mentais ao colaborador, prejudica também a empresa financeiramente, seja pelo seu afastamento e por caracterizar-se por uma doença obrigatoriamente ocupacional.

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