Linha de vida no trabalho em altura: executada para que a missão de salvamento seja possível
Por redação do Instituto Treni
Não se deve tratar a segurança em altura com lugares-comuns nem com irrelevância. Talvez, prevenir acidentes por quedas, desculpe-me o trocadilho, seja uma das mais altas dificuldades da gestão de segurança do trabalho das empresas.
Em 2017, dos 349,579 acidentes de trabalho registrados no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), 10,6% referiam-se a quedas. A segurança no trabalho em altura se faz com domínio das tecnologias indispensáveis, incluindo os equipamentos de proteção individual. Nessa área, é preciso conhecer, entre outros itens, a tal da zona livre de queda, os fatores que levam às quedas e, principalmente, os procedimentos adotados por quem exerce uma atividade laboral a mais de dois metros do piso.
Como não subestimo as dificuldades dessa área, aponto hoje os entraves que alguns gestores encontram com a instalação da linha de vida ou linha de ancoragem, equipamento que utiliza cordas ou fitas montadas e ligadas a um cinto de segurança, usada pelo trabalhador operacional. Por vezes, a inexperiência faz achar que para a linha de vida horizontal proteger uma pessoa, basta prender o cinto numa corda num ponto e outro. Não é isso. Primeiramente, o projeto da linha de vida horizontal tem que ser feito por profissional habilitado. Nessa situação, deve-se fazer o dimensionamento, pois não basta comprar uma corda que suporte, por exemplo, mil quilos, já que o operário que usará o equipamento não tem 100 quilos. É preciso considerar a resistência da corda, porque na hora da queda, ela precisará suportar a força da tração, e esta precisa ser previamente calculada. Se o ponto de fixação da linha de vida não estiver projetado para suportar o deslocamento provocado pela queda, o trabalhador sofrerá ferimentos graves. A simples fixação do cabo com grampos pode não ser uma boa alternativa, já que esses ganchos diminuem sua resistência.
Como se vê, não é qualquer um que sabe cuidar de linha de vida de forma que seja efetiva em caso de queda. Ainda assim, mesmo que a empresa tenha contado com um profissional com qualificação técnica, que projetou e dimensionou a instalação da linha de vida adequadamente, em caso de queda há outro ponto importante para manter a integridade física do empregado. Trata-se do risco conhecido como ‘suspensão inerte’, pois ao ficar pendurado, o cinto prenderá as pernas do empregado, dificultando a circulação do sangue nessas partes do corpo. Há uma nota técnica do ministério do trabalho americano de 2004, que diz que essa situação de suspensão inerte vai fazer com que o trabalhador, após determinado tempo, termine desmaiando e o leve à morte em 30 minutos.
Ou seja, além de todo o aparato e dimensionamento da linha de vida, a empresa deve contar com um plano de emergência para resgate rápido, podendo salvar o trabalhador que caiu e ficou pendurado. Salvar a vida do trabalhador que cai de altura é uma missão que não pode ser impossível.